terça-feira, 23 de setembro de 2025

Motivação Sob a òtica da Análise do Comportamento

 Ao falarmos sobre motivação você deve estar pensando em uma força invisível rara para a maioria das pessoas, pensando em algo como uma chama interna que se acende no momento certo, porém, o conceito técnico de motivação tende a possuir várias outras explicações não tão místicas.

Se a motivação for somente identificada como um estado interno que causa uma ação ficará sujeita à limitações de não se poder especificar e compreender detalhadamente as contingências às quais está sujeita. Para alguns autores, a palavra "motivação" tende a ter função adverbial, ou seja, qualificam o que o indivíduo faz e, não necessáriamente, o modo como ele faz.

Trazendo um exemplo dado no livro base para esta publicação Fundamentos da Psicologia - Temas Clássicos Sob a òtica da Análise do Comportamento (2012):

Por exemplo, às vezes afirmarmos que uma pessoa aprovada no vestibular conseguiu esse feito porque estava motivada para os estudos. Quando fazemos esse tipo de afirmação, sugerimos que a causa de passar no vestibular é a motivação para estudar, mas, na verdade, explicamos pouco ou nada sobre as ações do estudante e seu êxito. Afirmar que alguém está motivado para estudar não é a explicação do comportamento, e sim a indicação de uma disposição ou tendência de agir de determinadas maneiras, como: estudar 4 h consecutivas por dia, ler materiais básicos e complementares sugeridos, assistir a aulas, conversar com colegas sobre matérias de provas, ler algumas revistas relacionadas etc.

Podemos estender a compreensão da motivação para outro aspecto, não somente descritivo para o modo como um indivíduo atua em seu cotidiano, mas também os porquês de atuarem.

Talvez você já tenha se deparado com variações da seguinte pergunta: "O quê te motiva?"

Aspectos da lingua portuguesa entram aqui como indicadores de sentido. O nosso "Porque" sem acento e junto é utilizado para explicar um evento que ocorreu, criar uma afirmativa. Quando usamos "Por quê" estamos fazendo um questionamento. O nosso "O quê" busca identificar algo. Quando questionamos o por quê, ou o quê motiva alguém a estudar para o vestibular podemos inferir algumas possibilidades aqui, a título de exemplo, lembrando que as razões para se emitir uma classe de comportamentos, como estudar, depende da história de vida de cada indivíduo.

Alguém pode responder à pergunta "O quê te motiva para estudar para o vestibular" explicando que sua família tem origem humilde, onde nenhum integrante pudera ingressar em uma graduação por não poderem se dedicar à estudos mesmo druante o Ensino Fundamental e Médio, portanto, passar em uma prova de vestibular e ingressar em uma faculdade é uma grande conquista para toda a família, honrando os esforços que seus antecessores despenderam para que, hoje, pudesse ter a graduação como objetivo e, por consequente, estar mais qualificado para receber um salário maior, trazendo mais conforto financeiro para sua família.

Uma outra pessoa, com outra história de vida pode responder que sua motivação vem também da história familiar, mas com a diferença de que sua família é formada por uma determinada classe de profissionais, como médicos, por exemplo. Portanto, a motivação vem de regras de continuidade de uma tradição familiar que, muitas vezes, tem grande valor para o pertencimento do indivíduo ao grupo.

Veja que as motivações citadas acima possuem contextos prévios muito distintos, mas não menos importantes para dar sentido ao desejo de ser aprovado no vestibular e também acrescentar sentido à classe de comportamentos estudar.

Em suma, estar ou não motivado depende de aspetos da história pregressa de cada indivíduo, do por quê fazer e do por quê desejar fazer. Pela motivação ser multideterminada, é necessário entender quais consequências positivas, ou negativas aumentam a probabilidade de nos comportarmos de modo a estarmos motivados.



Referências:

HÜBNER; MOREIRA. Fundamentos da Psicologia - Temas Clássicos Sob a òtica da Análise do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2012.

Dicas de Português: Uso do Porque, Porquê, Por que ou por quê. Universidade Federal de Lavras. Disponível em: https://www.ufla.br/dcom/2018/05/22/uso-do-porque-porque-por-que-ou-por-que/

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